Por quem lá foi e não se perdeu…
Olá malta.
Já ouviram falar das Montanhas Mágicas? Não? E das pedras que dão filhos? Também não? E do Passadiço do Paiva, mais famoso que o Elvis? Da 2ª maior queda de água da Península Ibérica? Do local onde as tropas Nazis estavam a menos de 2km das tropas Aliadas e nunca se pegaram a estalada? Do morto que matou o vivo? Da aldeia abandonada da Drave? Das Pedras Broas?
Bem, estamos a ver que temos aqui um caso grave, diríamos mais… gravíssimo, mas está com sorte, para este caso, temos solução, e não é daquelas que envolve depositar 5 Euros na nossa conta, e dar duas voltas ao jardim com um prato na cabeça a cantar o hino nacional! Mas pode depositar na mesma os 5 Euros, que nós não dizemos nada a ninguém.
Por isso, largue o que está a fazer (excepto se nos estiver a ler na casa de banho), e venha visitar as Montanhas Mágicas.
Com planeamento, ainda consegue encaixar um belo jantar com um bife de Alvarenga. Daqueles bifes que engolem o prato e a acompanhar, uma valente copázia de vinho tinto que tomba eucaliptos com o elevado teor alcoólico, e vos deixam os beiços pintados de roxo!
Pois, aposto que agora captamos a vossa atenção!
Sendo assim, aqui vai o primeiro post deste blog, sendo o mesmo sobre…. tcham tcham…as Montanhas Mágicas. E não poderia começar com outro, pois é a primeira vez que saímos de casa.
Mentira, mas é o sítio mais próximo de casa, e o gasóleo está caro, e o GPS de vez em quando teima em não funcionar bem!
Introdução as Montanhas Mágicas
Ora cá vamos nós…
Então o que são as Montanhas Mágicas, perguntam vocês?
Após uns minutos a exercer nossa capacidade ninja a pesquisar no google, encontramos o site oficial das Montanhas Mágicas.
E segundo o site, as Montanhas Mágicas® (leva ®, sim senhora!) estão localizadas no centro/norte de Portugal continental, entre os rios Douro e Vouga, numa posição de transição entre o litoral e o interior do país. Com 1.688,6 km2 de área geográfica, em território predominantemente montanhoso, abrange as serras da Freita, Arada e Arestal, pertencentes ao maciço da Gralheira, e a serra do Montemuro, inserida no maciço com o mesmo nome, a oitava maior elevação de Portugal Continental e a terceira maior a sul do rio Douro. Ou seja, preparem-se para gastar gasóleo nas subidas!
É certificado como destino turístico sustentável, desde novembro de 2013, e engloba quatro sítios da Rede Natura 2000 e um geoparque da UNESCO, pautando-se pela oferta de um modelo turístico responsável e sustentável, focado no ecoturismo, no geoturismo e no turismo activo.
Graças aos fenômenos geológicos, a notável biodiversidade, vestígios arqueológicos, e as particularidades da sua geomorfologia, fazem das Montanhas Mágicas® um destino de excelência para a observação e interpretação da natureza e para a realização de inúmeras actividades de desporto e aventura, entre as quais se destacam o rafting, o kayaking, a canoagem, o canyoning, o pedestrianismo e o BTT.
Quando ir?
Em todas as estações, a Serra da Freita oferece uma paisagem diferente e deslumbrante, sendo que no inverno, temos por vezes neve, na Primavera temos predominância dos tons verde, lilás e amarelo, no verão temos as águas frescas para nos refrescar, e no outono, temos os tons castanhos a convidar-nos.
No entanto, esteja sempre preparado para mudanças de temperatura repentinas. Já não é a primeira vez que no Vale está uma temperatura amena, e no topo da Serra apanhamos nevoeiro e rapámos frio! E vice versa, temperaturas mais elevadas, em que só se estava bem de molho!
E sendo o Filipe, um Valecambrense (a Maria não é Valecambrense, mas tem direito a desconto), e o mesmo andar a miúde a navegar pela Serra da Freita (irá reparar que qualquer Valecambrense chama a toda a serra, seja Freita, Arada ou Arestal, de Serra da Freita…Ei, somos Valecambrenses, não somos geógrafos!), a mesma, continua a surpreender sempre.
Existe sempre qualquer coisa que não se reparou antes.
Liguem os motores!
Mas primeiro que tudo, como lá chegar?
É simples, aponte em direcção a Vale de Cambra ou Arouca, através da A1, A32, ou A29 para quem for da costa. Quem vier do interior, tem a A25 até à costa. Ambas as cidades tem bons acessos, e chegando lá, tem sinalização a indicar o caminho para a serra. Nós por exemplo, começamos por Vale de Cambra.
Desta vez, apenas nos focamos no maciço da Gralheira, de modo a tentarmos encaixar este passeio numa janela de tempo equivalente a um fim de semana, ou fim de semana prolongado. E neste maciço destacam-se os pontos de interesse que iremos falar de seguida e se gostar de caminhadas, e der mais tempo a estadia, ainda pode contar com os excelentes PR e GR para o contacto com a natureza.
Os pontos de interesse seguem a ordem segundo o nosso itinerário que optamos por realizar de modo a abranger o máximo de pontos. No entanto, nada vos impede de seguir o vosso próprio itinerário.
Ou então, que se lixe os mapas e o GPS e partem à descoberta, como se fazia antigamente! Com um bocado de sorte, ainda encontram petróleo (10% de comissão para nós)!
Alerta à navegação: Na Serra da Freita, as vacas e cabras pastam livres, e têm prioridade a atravessar a estrada (não os aconselhamos a entrar em disputa acerca de quem é culpado, com um boi e seus respectivos cornos afiados).
Ponto de partida, Vale de Cambra
Ponto de partida, parque da cidade, onde ocorre anualmente vários eventos, tais como as festas de Sto. António, o Festival da Vitela, 24h a correr, etc.
Vale de Cambra, é com frequência chamada de Suíça Portuguesa, devido aos seus vales verdejantes, e boa qualidade de vida.
Se precisar de alguma geringonça em inox, está no local certo. Aqui, a serralharia é das principais fontes de rendimento do concelho.
É uma cidade nova, sem parte antiga, visto que a sede de concelho era em Macieira de Cambra antigamente, e continua em constante evolução.
Em caso de ter saído de casa a correr, poderá efectuar aqui as compras para a viagem, visto que num raio de menos de 1km do parque, encontra lojas de mercado tradicional.
Primeiro ponto de paragem, Barragem Eng.º Duarte Pacheco e as Mini-levadas
Aqui uma pequena paragem para deslumbrar a barragem projectada pelo Engº Duarte Pacheco. Dá para passar pelo paredão de pedra e pela barragem de veículo, se gostar de emoções fortes.
No entanto, junto ao parque estacionamento, encontra-se o motivo da paragem por aqui, uma levada de água. Não é a mesma coisa que as Levadas da Madeira, mas tem o seu encanto, visto que a mesma segue em paralelo com o rio. É uma caminhada pequena e bastante calma.
Nota: A ligação entre Vale de Cambra e as Levadas, segundo nosso percurso, leva-vos a passar numa ponte romana, que que a largura não é indicada a veículos maiores que um ligeiro. Se for o seu caso, faça a ligação pela estrada N227.
Outeiro dos Riscos
As Insculturas no Outeiro dos Riscos ficam situadas no monte dos Castelos.
Segundo a população, esta estação arqueológica é atribuída à presença dos mouros no tempo da Reconquista Cristã, ligando-as a lendas de Príncipes Cristãos, Princesas Mouras convertidas pela paixão ou tesouros escondidos pelos mouros. Tem lógica!
O acesso é um bocado complicado para ser simpático. O veículo tem que ficar pelo caminho e tem que realizar o resto em caminhada.
Nota: devido a distância entre o local onde se deixa o carro, e ter que subir uma encosta a fugir das silvas (o nome deveria ser Outeiro dos Riscos nas Pernas), não aconselhamos a visitar o local, a menos que tenha pelo menos 3 dias disponíveis para este roteiro.
Pedras Parideiras
De certeza que não precisaram de dicionário para saber o que significa parideira, mas de certeza que vão precisar de um geólogo para tentar perceber como uma pedra pare! Ainda hoje, tenho dificuldades em explicar este fenômeno a uma pessoa que nunca ouviu falar de tal… Acabando sempre por passar por tolinho, e/ou bêbado…
Passando as tecniquices, este é um fenómeno geológico raro, e que apenas se encontra na Serra da Freita e na Rússia, próximo de S. Petersburgo, que fica bastante longe. São pequenas pedras que brotam de uma rocha-mãe, um bloco de origem granítica, com mais de 280 milhões de anos, onde estão incrustados pequenos nódulos em forma de disco. Esses nódulos com aspecto escuro e brilho metálico são libertados deixando marcado na rocha o seu vazio em baixo relevo.
As Pedras Parideiras têm sido alvo da curiosidade das pessoas que visitam a serra, muitas apanham e levam as pedras “paridas”.
Um apelo, não afastem as “pedras paridas” da sua “mãe”.
Nota: Vale uma visita à casa da Pedras Parideiras – Centro de Interpretação. Poderão lá agendar uma subida a estação meteorológica, tendo uma vista de praticamente toda a serra.
Pedras Broas
Bem, esta é possivelmente o maior dúvida para nós, não pelo aspecto geológico (já aqui voltamos), mas ao nome. Ainda hoje não sabemos se devemos escrever Boroas ou Broas. Por incrível que pareça, já vimos as duas versões em fontes oficiais. Pelos vistos, Boroas ou Broas significa o mesmo, mas quando éramos miúdos dizíamos:
Oh mãe dá-me Broa!. Por isso fica Broas em vez de Boroas.
Quanto ao aspecto geológico, este fenómeno resulta da fissuração poligonal em rochas graníticas, formando uma rede de polígonos na superfície da rocha fazendo lembrar a das broas de milho, daí o nome.
Miradouro Detrelo da Malhada
Primeiro miradouro, e o de mais fácil acesso. Encontra-se junto ao posto de vigia e serve o mesmo para visualizar as elevações do Gamarão, o vale do Paiva, a serra de Montemuro, o encaixe do vale do Douro, as serranias da região de Valongo e as minhotas até ao Gerês. À medida que for rodando o olhar, verá ainda, para ocidente, a região litoral entre Espinho e o Porto, e a oriente, destaca-se o Côto do Boi, a serra da Arada, onde surge o S. Macário e ainda a serra do Marão.
Aldeia do Cando
A aldeia do Cando ficou conhecida pelas suas louseiras, talvez as mais antigas que se conhecem em Arouca. É uma verdadeira aldeia de xisto que os moradores foram, cuidadosamente, mantendo. No entanto, passa despercebida facilmente, visto que se localiza numa rota pouco comum de realizar, sendo que maioritariamente se segue na direcção oposta, na do São Macário.
Viveiros da Granja
Outrora local de convívio do povo de Arouca, a multiplicidade de espécies vegetais deram lhe o nome de viveiros. Hoje, ao abandono, servem de viveiros das pedras, cujos blocos arredondados são resultantes de fenómenos de meteorização e erosão do maciço quartzodiorítico de Arouca.
Ao longo do tempo, o bloco torna-se mais pequeno e arredondado com a progressiva libertação das escamas mais externas. Os blocos mais resistentes às alterações físico-químicas a que o maciço foi sujeito são os que persistem na paisagem, sobre a forma de aleatória de blocos após o rebaixamento do terreno em volta, anteriormente arenizado e removido.
Miradouro São Pedro Velho
Este é um miradouro que ao mesmo tempo é um vértice geodésico de 1.ª Ordem, constante da Rede Geodésica Nacional, com data de 1955, e uma altitude de 1077 metros, um dos pontos mais altos da serra da Freita.
O seu acesso não é tão fácil como o do Detrelo da Malhada. Terá que subir umas escadas em madeira até chegar ao miradouro.
A paisagem que a vista alcança a partir de São Pedro Velho é imperdível.
Segundo o site oficial, olhando para o Norte permite observar o vale de Arouca, as elevações do Gamarão, o vale do Paiva, a serra de Montemuro, o vale do Douro e as demais serranias a norte deste rio, como as de Valongo e as minhotas até ao Gerês. Na direção Sul, o vale do Vouga, a serra do Caramulo, o vale do Mondego e a serra da Estrela. E finalmente a Ocidente, uma franja de mar, que se estende aproximadamente desde a Póvoa de Varzim até à serra da Boa Viagem (Figueira da Foz), com particular destaque para os braços da ria de Aveiro.
Acho que nossa vista não alcança tudo isto, mas vai ver que vale a pena a subida até lá chegar.
Pedra Cabeça de Cão
Esta formação rochosa, apesar de não ser anunciada oficialmente ela existe e é realmente similar a uma cabeça de cão, mistura de Pluto com Snoopy (pensando melhor, acabei de ficar traumatizado).
Apesar de ser uma formação natural, acho que fica bem em dá-la como um reconhecimento do trabalho realizado pelos cães pastores, existentes na Serra da Freita. E olhem que não é um trabalho nada fácil, só para terem a ideia, as cabras são teimosas e tem a mania que são acrobatas, as vacas com a sua arrogância devido ao tamanho, viram a cabeça para o lado contrário, e os lobos, esses têm a mania que são espertos, e ficam sempre atentos a primeira distracção.
Por isso, uma salva de palmas aos Bobi pelo seu árduo trabalho!
Nota: Temos aqui um problema… Eu sempre achei que o formato da pedra fazia lembrar a cabeça de um cão. A Maria agora diz que parece uma tartaruga…Temos o caldo entornado. Digam de vossa justiça.
Frecha da Mizarela
Chegamos a queda de água que é a 2ª maior da península ibérica. Não sabemos quem foi lá com uma fita métrica, mas gabamos-lhe a coragem. Se veio em férias, e não em modo acelerador a fundo, estilo “só vim aqui um fim de semana para dizer que vim”, faça o PR7, vale mesmo a pena.
Na aldeia de Albergaria da Serra existe o miradouro para olhar para a belíssima queda de água.
Mas visto que leu até aqui, vamos dar-lhe um bônus. Existe acesso à cascata. Ah pois é, mas avisamos já que vai ter que suar, e poderá ter que usar as mãos (normalmente conhecido por “ligar a tracção as 4”), por isso não aconselhamos a realizar o acesso no Inverno. O acesso é feito pela estrada que desce junto ao miradouro. Quando vir uma placa da rota da água e da pedra, é lá que começa a descida.
Trebilhadouro
E para acabar o dia, que tal ir dormir a uma aldeia, que outrora esteve abandonada, debaixo de um monte de silvas, e agora, recuperada, serve de alojamento local?
Pois, o lugar indicado é o Trebilhadouro. Aqui pode imaginar os tempos de outrora, o que era a vida de agricultor, a viver em plena harmonia com a natureza, e com uma vista para a Ria de Aveiro e o oceano Atlântico.
Sabendo que antigamente, viver em harmonia com a natureza era mais complicado. Aquecimento? Acender a fogueira e dormir quase em cima dela para receber o calor. Electricidade? Umas velas também servem. Telefones? Vai se lá fora e berra-se pelo vizinho que é mais rápido! Hoje, com as comodidades modernas, já se torna mais fácil viver com a nossa amiga natureza, e desfrutar da sua paz e sossego.
Mariolas da Arada
As mariolas são pirâmides de pedras sobrepostas, empilhadas por autênticos campeões de castelos de cartas, tendo diferentes tamanhos.Servem as mesmas para marcar os caminhos e orientar os pastores. Nos pontos mais altos é possível encontrar diversas mariolas, conferindo à paisagem um aspecto misterioso. Próximo da aldeia da Arada, encontra-se uma das maiores mariolas do território, com cerca de 3 metros de altura.
Nota: Tenha em atenção a um facto, devido a passagens estreitas no meio da Aldeia de Manhouce e Vilarinho, se vier em algo mais largo que um veículo ligeiro, tipo aquelas autocaravanas enormes, não se meta neste caminho, ou vai chegar a casa com uma autocaravana mais magra e com uma pintura estranha.
Pensando bem, pelo outro caminho que passa pelo miradouro de São Pedro Velho, também tem uma passagem difícil para esses veículos de grandes dimensões, no entanto, se no fim da estrada nova que fizeram (no cruzamento onde tem a placa Candal, Arouca e Moldes, vire logo na primeira a direita), seguir pela estrada ainda em obras, conseguirá evitar o ponto apertado no Candal. Vai levar com pedras e pó, mas é melhor que levar com uma despesa elevada no chapeiro.
Drave – Aldeia Mágica
Aldeia abandonada, e que neste momento está a ser recuperada aos poucos pelos escuteiros.
Se tiver tempo na manga, aconselhamos a realizar o PR14, com partida de Regoufe (nesse caso, passe ao próximo ponto de interesse, e venha cá ler quando chegar ao ponto relativo às Minas de Volfrâmio). Senão, se o tempo estiver curto, existe acesso pelo lado da Serra de São Macário, que foi o que fizemos desta vez.
Até ao corte para a Drave, a estrada apesar de ser mais estreita que o habitual, é tranquilo. Após o corte, vem a parte em que você e seu veículo tem aquela conversa, conversa essa que envolve saber até onde estão dispostos a ir, sem que um de vós fique pelo caminho, ou com menos umas peças. Se tiver um 4×4 esqueça esta parte, é sempre a andar excepto os últimos 300m, em que tem que usar a técnica antiga chamada “caminhar pelas pedras abaixo com a tralha às costas”.
Mais uma borlix, após cerca de 1km do corte da estrada principal, existe um corte à esquerda com uma placa feita a mão a dizer “Gourim” (se for pela direita vai em direcção a Drave) . É uma pequena aldeia abandonada, com uma casa recuperada (sendo possível alugar), e uma casa “misteriosa”. Mas nessa opção o acesso é um bocado mais agressivo sendo impossível por veículo rasteiro.
Nota: devido a distância entre o local onde se deixa o carro (caso não seja um 4×4), este ponto de interesse pode ser problemático a quem tenciona apenas visitar a Serra num fim de semana. Apesar de acharmos ser um ponto de interesse obrigatório, o mesmo obriga a um esforço físico num terreno inclinado, e sem sombras – LEVE ÁGUA!!!).
São Macário
Local de peregrinação dos habitantes da zona, onde nós inclusive já percorremos uns 45 km que levam a lá chegar (de bicicleta e também a pé). A passagem desde a Coelheira até ao São Macário é muito bonita, graças a larga vista sobre o vale e suas montanhas. Último domingo do mês de Julho é a data da festa em honra ao São Macário.
Reza a história que Macário era um homem trabalhador, e que uma vez devido a boatos que a sua mulher andava-o a enganar, regressou a casa de surpresa e apanhou na sua cama um homem e uma mulher, ao qual os matou a tiro. Após tal, verificou que afinal eram os seus pais, que tinham vindo visitá-lo e que sua esposa lhes tinha oferecido o seu quarto para descansarem. Após isso, Macário nunca se perdoou e virou ermita. Vinha a aldeia buscar cinzas incandescentes para acender o seu lume para cozinhar e aquecer, e levava as mesmas nas mãos, monte acima sem nunca se queimar. O local onde Macário se refugiou ainda existe e foi feita uma pequena capela a sua volta. É possível aceder à sua ermida no dia de festa.
Aldeia da Pena
Acerca da aldeia da Pena, bastaria dizer: ARROZ DE FEIJÃO COM FEBRAS, e não precisava de dizer mais nada para vos incentivar a irem lá, nem que fosse só para almoçar, e que bem que soube! Não é preciso dizer o nome do restaurante, só há um!
Mas por incrível que pareça, ainda há mais coisas interessantes acerca da Aldeia da Pena.
Logo para começar, a Aldeia da Pena é uma aldeia que estava praticamente abandonada (ainda a bem pouco tempo só existiam 6 residentes), mas que agora está a ser recuperada pelos filhos da terra que estão a voltar, e inclusive gente de fora que se apaixonou pela calma do local.
E agora a parte mais assombrada, foi nesta mesma aldeia que o morto matou o vivo. E agora vocês:
– Como é possível tal acontecer? Alguma macumba?
– Não, por acaso, até foi algo bastante corriqueiro. Há muitos anos atrás, quando a aldeia era habitada em pleno, sempre que havia um óbito, os habitantes da mesma, pegavam no caixão e levavam-no ao ombro pelo vale acima, para o falecido ser enterrado na aldeia vizinha, visto que era aí que se encontrava o cemitério. Até que houve um dia, em que durante essa viagem, houve um dos transportadores que escorregou, e o caixão caiu em cima de um deles matando-o. Assim ficando a história do morto que matou o vivo. Este caminho feito ainda existe e é possível realizá-lo… O que pode ajudar a fazer a digestão da barrigada de arroz de feijão.
Portal do Inferno
Hummm… Morto que matou o vivo, e agora Portal do Inferno…
De certeza que não anda por aí alguma coisa esquisita? Dizem vocês.
Não, não é macumba, antes pelo contrário, é um dos sítios mais bonitos da Serra da Freita (O raio do Valecambrense só sabe dizer Serra da Freita!!). A vista é fenomenal, e ao mesmo tempo arrepiante, visto que a passagem automóvel realiza-se na escarpa da montanha.
Se tiver alguma margem de manobra a nível temporal, pode aproveitar para, antes de passar pelo Portal do Inferno, dar um salto a Covas do Monte, aldeia que tem mais cabras que pessoas, e a menos que elas o confundam com um fardo de palha, não há perigo nenhum com os bichos…E com 5min de conversa com os anciãos, fica a conhecer como era viver antigamente numa aldeia longe de tudo.
Já agora, tenham as máquinas fotográficas a mão, action cam com a bateria carregada e deslumbre-se com o troço de ligação entre o Portal do Inferno e o cruzamento que vai dar ao próximo ponto de interesse. É espectacular… Só de pensar, já estou a ligar o UMM para lá voltar!
Não pegou…está sem gasóleo…Trágico!
Minas Volfrâmio de Regoufe e Rio de Frades
Os complexos em ruínas das minas de volfrâmio de Regoufe e Rio de Frades são o que resta da industrialização daquela zona em época de guerra mundial. Como mencionado no início, apesar da curta distância entre ambos complexos, os mesmos estavam a ser explorados pelas duas facções inimigas na 2ª guerra mundial, para alimentar as suas indústrias bélicas, e no entanto não há relatos de bombas nem porrada na zona. Pelos vistos aqui piavam fino.
O complexo de Regoufe (Aliados) é maior, pelo menos a parte mais visível ao público, revelando-se como que um cenário pós apocalíptico.
Enquanto que o complexo de Rio de Frades (Nazis) está mais dissimulado na natureza, tendo inclusive um acesso através de uma passagem subterrânea, que foi intervencionada pela câmara de Arouca recentemente, tornando o acesso mais fácil.
Perca o medo do escuro, e faça a passagem, não se vai arrepender (convém levar uma lanterna, ou vai dizer mal da vida quando der uma cabeçada numa pedra).
Vai ser surpreendido por uma lagoa e respectiva mini cascata… Leve os calções para mandar uns mergulhos, mas inspire bem antes de mergulhar que a água é bem fresquinha. Se continuar pelo lado direito, vai encontrar mais algumas lagoas, mas aí o acesso é mais difícil. Também pode optar por realizar o PR6, caminho do carteiro, e vai ter vista privilegiada do rio, e de diversas entradas de minas (cuidado, não entre!). Verá que existem acessos para a prática do Canyoning, se gostar, existem diversas empresas de animação que organizam tudo por si. Já o fiz e vale a pena, apesar dos saltos que me fizeram pensar “Porque não fiquei em casa a ver televisão?”.
Por mencionar, ficaram as Minas das Chãs, visto serem de menor dimensão e obrigarem a mais um desvio.
Arouca
Município que já se ouve falar além fronteiras, e que emprestou o seu nome ao Geopark. Ponto de partida ou de chegada da viagem pelas Montanhas Mágicas.
Aconselhamos a visitar alguns pontos interessantes como por exemplo o Mosteiro e o Calvário.
E se quer manter a linha, fuja dos doces conventuais! Ainda por cima abriram uma loja mesmo a frente do Convento…Mauzinhos!
Passadiços do Paiva
Chegamos à vedeta das Montanhas Mágicas, chegando a vir autocarros de gente para percorrê-los. Só não vem Charters, porque Arouca não tem aeroporto.
Os passadiços do Paiva é um percurso não circular com cerca de 8 km de comprimento, ou seja, com ponto de partida e chegada distintos, ou iguais se vier cheio de vontade em fazer depois o percurso no sentido contrário (8 km + 8 km).
É um percurso relativamente fácil de fazer, se evitar o pico do verão (calor e pessoal a mais), e se vir que tem as aulas de step em atraso, existe a saída na Praia do Vau, a cerca de 4km após entrada em Espiunca, de modo a evitar os degraus do lado do Areinho.
Por vezes, poderá assistir a passagem de barcos de borracha pelo rio abaixo. Nada de anormal, o Rio Paiva é considerado como um dos melhores rios da Europa para a prática de Rafting. Se achar que está a altura do desafio, pode pedir ajuda a diversas empresas de animação que tratarão de tudo por si. Só precisa de aparecer e gritar “Banzai” pelo rio abaixo!… E desviar-se das pedras!
Aldeia da Paradinha
E já que veio aos Passadiços, e que tal um salto a uma aldeia que parece a Drave, mas ainda “viva”? Se achar que bastam “apenas” 8 km para conhecer os Passadiços, aproveite o resto do dia para conhecer a Aldeia da Paradinha. Não se vai arrepender. Lá vai encontrar casas em xisto e tecto em ardósia, assim como uma refrescante praia fluvial, onde poderá fazer um mini piquenique para recuperar as forças após a aula de step nos Passadiços.
Nota: Em direcção a aldeia da Paradinha, encontrará uma estação geologica com a denominação de Icnofosseis. Os mesmos são marcas deixadas pelas Trilobites. Indo ao Centro das Trilobites saberá mais um pouco acerca das mesmas.
Centro Trilobites
No Centro de Investigação e Interpretação Geológica de Canelas pode encontrar as maiores Trilobites do Mundo. Tendo em conta que são fósseis de bichinhos que supostamente andavam no mar, dá que pensar tendo em conta a altitude em que nos encontramos no local! Um bocado de ciência nunca fez mal a alguém, por isso aconselhamos a visita.
Depois da visita, já é tarde certamente, é de aproveitar e dar um salto a Alvarenga para jantar os tão famosos bifes de Alvarenga!
Resumindo e concluindo
E pronto, acabou!
Só estes pontos?
Sim, existem mais pontos de interesse, oh oh, se existem, mas podem acreditar em nós, bastam estes pontos de interesse para andar o fim de semana todo de roda no ar, visto os mesmos estarem espalhados pelas montanhas com alguma distância entre eles. Mas não se preocupem com a distância, visto que a mesma é contemplada com paisagens fantásticas.
Esperamos que tenham gostado de ler e que agora já estejam a preparar a vossa visita às Montanhas Mágicas! Qualquer dúvida, é só perguntar na zona dos comentários.
Podem ver mais fotos -> AQUI <-
Aviso à navegação: Quases todos os pontos de interesse ficam perto do local indicado para parar o veículo ligeiro, excepto as mini levadas (cerca de 30 min a pé), o Outeiro de Riscos (cerca de 45 min a pé), acesso a base da cascata da Mizarela (cerca de 30 min a pé) e Drave (cerca de 1h a pé), conforme mencionado. Se não incluir esses pontos, consegue visitar o resto em 2 dias tranquilamente, com os passadiços incluídos. Como aconselhamos a pelo menos visitarem a Drave, podem ter que necessitar de 3 dias.
12 comentários
Obrigado pela partilha desta grande aventura…
Obrigado 🙂
Obrigado pela descrição. Conheço alguns dos locais. Drave tem umas lagoas muito fixes para nos banharmos xD
Olá.
Obrigado pelo comentário.
Sim, a Drave tem bons locais para se banhar. Rio de Frades também, depois de passar a mina. Pena a agua sair directamente do congelador ehehe
Cumprimentos
Olá! Muito obrigado pela partilha tão completa – experiências, locais, descrições e track!
É uma zona que não conheço e acabou de passar para a lista de “a fazer” 🙂
Bons passeios!
Cps
Olá!
Obrigado pelo comentário.
Verá que é uma zona que vale a pena, com locais fantasticos 🙂
Cumprimentos
Olá.
Muito obrigado pela excelente descrição e pela partilha de percursos.
Um grande bem-haja.
Abraço
Olá Parola Gonçalves.
Muito obrigado pelo feedback dado. Sabe sempre bem, visto que foi o nosso primeiro post, e deu bastante luta com isto das tecnologias 🙂
Abraço
Olá Viva!
Obrigado pela partilha e parabéns pelumm animal.
Quanto ao blog, o menor elogio que posso fazer é que quero ir conhecer essas Montanhas Mágicas tão breve quanto possível!
Olá Leonel!
Será sempre bem-vindo as Montanhas Mágicas!
Alguma duvida que tenha, diga! Com um bocado de sorte, andamos pela zona também 🙂
Parabéns pelo trabalho descritivo apresentado. É exactamente assim.
Sou da região e por isso conheço muito bem aqueles lugares mágicos. Sinto necessidade de revisitar com frequência.
É pena que não sejam tão promovidos quanto merecem.
Fica o desafio a quem o puder fazer.
Olá Rogério.
Obrigado pelo seu comentário.
De facto, somos uns sortudos em viver perto de tamanha beleza.
Infelizmente, ainda um pouco desconhecidas, mas os Passadiços do Paiva deram uma grande ajuda a “espalhar” a beleza. Já se vê mais gente a visitar a Freita hoje em dia.
Não tardará a darem o reconhecimento merecido a mesma 🙂